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  • Foto do escritorBruno Bizzotto

É possível lidar com a ansiedade?

Provavelmente você já sentiu falta de ar, coração acelerado, tremores, náuseas e outros sintomas físicos associados à uma preocupação excessiva. Essas sensações são comuns em episódios de maior ansiedade e, inevitavelmente, serão sentidas em algum momento da vida.

A ansiedade é uma reação natural que a pessoa experimenta ao se sentir ameaçada por algo ou alguém. É um mecanismo de sobrevivência que prepara a mente e o corpo para lidar com alguma situação estressora, a qual geralmente exige uma resposta de luta ou fuga.

Quando o cérebro alerta para um possível perigo, como no caso de se deparar com um predador, aumenta-se a liberação dos hormônios da adrenalina e cortisol, gerando estímulos preparatórios para lidar com tal adversidade. Este importante mecanismo pode tanto ajudar, quanto prejudicar.

O que difere uma ansiedade saudável de uma prejudicial é o contexto em que se manifesta, assim como sua frequência e intensidade. Por exemplo, a ansiedade moderada pode auxiliar um palestrante a aumentar sua atenção e concentração ao longo de sua apresentação, trazendo um melhor desempenho em sua atividade.

Em contrapartida, um palestrante que se sente excessivamente ameaçado pelo público, pode reagir de forma defensiva e tensa, e isso possivelmente comprometerá sua capacidade de comunicação e expressão, além de ativar respostas fisiológicas ao medo, como sudorese, desconforto abdominal, boca seca, entre outros.

Acontece que, não apenas um predador pode despertar a sensação de ameaça, mas

situações rotineiras também, como o excesso de preocupações e informações, pensamentos negativos e inseguros, dificuldade em lidar com pessoas ou situações, rotina agitada e até mesmo questões neurobiológicos, envolvendo o temperamento.

Quando a ansiedade começa a fazer parte da rotina, em demasiada frequência e intensidade, traz danos à saúde mental e física. A origem da ansiedade é multifatorial, ou seja, depende de um conjunto de circunstâncias e varia de pessoa para pessoa. A seguir você lerá sobre alguns dos principais influenciadores, que se relacionam à ansiedade.

Hábitos: primeiramente, deve-se observar se existem hábitos que possam estar sendo usados como fuga ou manejo da ansiedade. É comum que, ao se sentir ansioso, o indivíduo busque por hábitos disfuncionais na tentativa de "regular" a ansiedade, como, por exemplo: roer as unhas, fumar, beber, excesso de comida etc. O problema é que esses hábitos dão a falsa impressão de rebaixamento da ansiedade, quando, na realidade, são mecanismos mantenedores (ou agravadores) de tal condição.

Ademais, esses hábitos podem alterar os circuitos cerebrais, resultando em manias, vícios e compulsões. Nesses casos, é necessário “romper” tais padrões. Se houver dificuldade, sugere-se a tentativa de substituir os hábitos inadequados, por hábitos mais saudáveis.

Padrões cognitivos: a qualidade dos pensamentos, bem como as memórias, crenças e sensações, também contribuem com a ansiedade, afinal se algo causa insegurança, isso se reflete na fisiologia. Imagine que uma pessoa possua uma memória traumática ou crenças negativas em relação a voar de avião, há uma grande probabilidade de que ela possa ter um episódio ou crise de ansiedade durante sua experiência.

Ou, então, uma pessoa que tenha um padrão de pensamento catastrófico, em que sempre espera que o pior a aconteça, também pode vir a ter episódios recorrentes de ansiedade elevada, pois acredita que uma ameaça virá a qualquer momento. Pode-se citar também uma insegurança ao falar em público, decorrente do medo da desaprovação, da crítica ou até da sensação de humilhação. Observa-se, em alguns casos, para que a ansiedade melhore é necessário descontruir padrões de crenças e pensamentos específicos.

Nota-se, assim, que os aspectos cognitivos estão totalmente atrelados à condição fisiológica. Em síntese, os pensamentos de teor pessimista, que envolvem algum tipo de expectativa ameaçadora, repercutem-se no corpo físico. Além disso, é importante prestar atenção nos “alimentos” psíquicos, ou seja, nas informações e notícias de baixa qualidade absorvidas.

Tudo o que se assiste, lê e escuta, interfere diretamente na realidade, pois isso cria repertório mental. Não quer dizer que a pessoa deva se fechar completamente para as informações, mas, sim, saber selecionar e limitar, dando preferência para conteúdos de boa qualidade e que proporcione conhecimento, tranquilidade, autoconfiança etc.

Padrão respiratório: a respiração está interconectada à fisiologia. Quando se está calmo, a respiração fica mais leve e espaçada. Por outro lado, quando se está tenso, a respiração torna-se mais densa e curta. É comum que, em situações de estresse, a respiração ocorra pela região cardíaca, de maneira incompleta.


A respiração mais adequada e completa é a que ocorre pela região diafragmática, ou seja, pela barriga. É importante que se treine essa respiração, pois ela mantém o equilíbrio entre o oxigênio e o gás carbônico no sangue e o ritmo adequado dos batimentos cardíacos, melhorando o funcionamento do metabolismo e o conjunto de reações do corpo.

No entanto, quando o nível de ansiedade está muito elevado, algumas pessoas têm dificuldade em se concentrar na respiração. Diante disso, é recomendável que se trabalhe primeiramente a questão cognitiva, identificando os pensamentos “preocupantes” e usando estratégias para responder tais pensamentos.

Por exemplo, se a pessoa não está conseguindo relaxar para dormir, pois está pensando em seus compromissos, pode-se responder mentalmente tal preocupação com a seguinte frase: “Eu não preciso me preocupar agora, esse é o meu momento de relaxar e descansar”, buscando se manter concentrado nisso. Em crises de ansiedade e pânico mais intensas, a “técnica grounding”, da prática Mindfulness, pode ajudar.

Existem muitas técnicas de respiração que auxiliam na redução da ansiedade, algumas enfocam respiração sincronizada, outras utilizam recursos de visualização mental. Tomar consciência da qualidade respiratória é muito importante para que se desenvolva a habilidade em autorregular-se emocionalmente, adquirindo maior domínio de si.

Interessante, não é mesmo? É possível concluir, com isso, que a ansiedade surge como um sinalizador de uma possível ameaça e deve ser percebida com atenção. De fato, muitas coisas implicam em seu surgimento, exigindo, em alguns casos, o aprofundamento e a busca por ajuda profissional. Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria, em muitos casos os resultados referentes ao tratamento da ansiedade possuem maior eficácia com o uso medicamentoso e a psicoterapia, sendo a abordagem cognitivo-comportamental a mais indicada para esta demanda. E você, conhece alguém que sofre com isso?

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